A indústria dos games está em uma época cinematográfica, com grandes blockbusters sendo lançados todos os anos, com aquele sentimento de simplesmente querer jogar algo sem muitas pretensões ficando um pouco esquecido. Os jogos antigos nos encantaram, nos fizeram os gaymers que somos hoje, mas, assim como tudo na vida, as mudanças são inevitáveis.
Não quero dizer que os clássicos morreram ou que seus elementos ficaram perdidos no tempo, muito pelo contrário. Eles ainda estão aí, só que com muito menos destaque! E foi nesse mar de jogos tirados diretamente do cinema que a Ubisoft lançou em 2014 um raio de luz (quase que literalmente) chamado Child of Light para Xbox 360, Wii U, PS3, PS4, PS Vita e PC.
Confira abaixo nosso review:
Criança, aconchegue-se na cama
E deixe-me lhe contar uma história,
De Lemuria, um reino há muito perdido,
E de uma menina nascida para glória.
Havia na Áustria uma região
Onde o grande duque governava
Com duquesa desconhecida teve Aurora
Filha que ele muito amava.
Sozinho ele criou a garota,
Os dois vivendo sempre em união,
Até o duque se sentir solitário,
E perder o rumo de seu coração.
Em 1895 véspera da Páscoa
Na santa sexta antecedente,
Houve uma peça ao duque apresentada
Com sua nova noiva ali presente.
Naquela noite, quando Aurora a dormir se pôs.
O fogo, minguando, se desfez
Sentiu então pelo seu corpo tamanho frio.
Que a sua pele fria como a neve se fez
Na manhã eles a encontraram.
Aurora, vazia, perdera sua luz clara.
Seu pai chorava e suplicava,
Não havia dúvidas que sua hora chegara.
Não havia como negar,
Aurora morta estava.
Ainda sim, como num conto de fadas,
Em uma terra estranha ela acordava.
É com essa bela introdução que o game nos apresenta seu enredo, tendo sua narrativa contada em rimas, como se fosse um grande poema. A trama é um verdadeiro conto de fadas em um game, mostrando a jornada de Aurora para voltar para sua casa e sua família.
Logo no início da exploração encontramos Igniculos, um simpático vaga-lume que nos auxilia durante a jogatina. Ele será responsável por encontrar itens escondidos, destravar portas e recuperar HP e MP. Além disso, poderá ser controlável por um player dois e ofuscar a visão dos inimigos para atrasar o golpe dos mesmos , evitando batalhas desnecessárias.
Outros companheiros se juntaram à batalha, cada um com sua especialidade, assim como em todo bom e velho RPG. No total serão sete personagens que te acompanharão durante a aventura.
Para salvar Lemuria, Aurora deixa de temer o desconhecido
vivendo uma história emocionante, salvando seus amigos do perigo
A história de COL é bem simples, mas emocionante. É genial a forma que os personagens dialogam rimando tudo o que dizem, e o melhor de tudo, totalmente em português. Coisa que a Nintendo ainda está teimando em fazer. Em alguns momentos as falas acabam não combinando, mas o trabalho de tradução do game está de parabéns. Não deve ser nada fácil regionalizar um game com todas as falas em rimas, e ainda por cima em outro idioma.
Child of Light tem um aspecto leve em seu enredo, capaz de encantar crianças e adultos sem deixar o aspecto inocente da protagonista de lado. Protagonista que, para mim, já tornou-se mais uma diva dos games. Aurora conhece diversos vilarejos que sempre enfrentam algum tipo de problema causado pela Rainha da Noite, a vilã que dominou Lemuria e roubou o sol, a lua e as estrelas, deixando o reino em completa escuridão.
Das montanhas para as florestas e adiante para o mar,
Em cenários incríveis o jogador terá que batalhar
Os cenários do game são de encher os olhos, é praticamente uma pintura em movimento feita com maestria, dialogando com o momento que o reino se encontra. São florestas escuras com pequenos feixes de luz atravessando as árvores, altas montanhas castigadas pelo tempo e calabouços sombrios apenas alguns dos exemplos das variadas áreas mostradas durante o game que me deixaram admirado. Foram diversos momentos que parei somente para observar as florestas ou movimento dos cabelos de Aurora.
A Ubisoft convidou o Cirque Du Soleil para participar da consultoria criativa do game. Com o objetivo de manter o conceito artístico durante toda a jogatina, como se fosse um dos diversos espetáculos apresentados pelo circo mais famoso do mundo. E deu certo! Tudo é tão belo que não há outro adjetivo melhor do que “obra de arte”.
Ao som de músicas emocionantes
Aurora derrota o mal que assola o reino e seus habitantes
Com uma trilha sonora de cair o queixo, acompanhamos os diversos desafios de Aurora. As músicas melancólicas fazem parte de boa parte do jogo, mas as batalhas com os chefes são embaladas por temas épicos compostos pela musicista canadense Coeur de Pirate. Esse foi seu primeiro trabalho com games, mas ela já trabalhou com artistas consagrados incluindo a sempre poderosíssima como a noite de París, Rihanna.
Até os efeitos sonoros são muito bem trabalhados, desde os passos da protagonistas até o bater de suas asas. É como eu já comentei anteriormente, tudo nesse game está em harmonia! A dublagem da narradora que conta a história para o jogador é bem suave e familiar. Quem jogou The Last of Us vai reconhecer a voz de Ellie, dublada pela maravilhosa Luiza Caspary, que aqui nos apresenta mais um trabalho excepcional.
E assim como num conto de fadas
Em uma terra estranha ela acordava…
Muita gente ainda se incomoda quando um game é chamado de arte. Usando argumentos do tipo: “É só um monte de tiros sem sentido” ou “Isso foi feito só pra ser vendido, é somente mais um produto”. Eu acredito que os videogames sempre tiveram potencial para serem mais que simples produtos, assim como a música e o cinema também são formas legítimas de arte, por que não os games?
Child of Light é mais um dos inúmeros exemplos que comprovam isso. Sendo uma experiência revigorante, que junta os elementos dos títulos clássicos sem perder sua originalidade. Não proporciona muitos desafios, mas com certeza irá te oferecer muito mais se o jogador em questão souber apreciar tudo que um game pode realmente mostrar.
Momento épico!
Jogay no Wii U
Angelo Prata
Ultimos posts por Angelo Prata (ver todos)
- Os melhores pets dos games – GaymerCast #219 - 3 de outubro de 2024
- Controvérsias que rondam Wukong – GaymerCast #218 - 12 de setembro de 2024
- Lords Mobile confirma presença na BGS 2024 - 2 de setembro de 2024