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REVIEW: Resident Evil Village possui mais acertos do que falhas

A série Resident Evil já passou por altos e baixos durante seus 25 anos de história. De lá para cá foram várias reinvenções e reimaginações, que culminaram em títulos primorosos e outros nem tanto. Felizmente, Resident Evil Village é um destaque positivo em diversos quesitos. Terror, ação, puzzles e vilões marcantes se condensam em uma trama que pode parecer surreal no início, mas recompensa o jogador durante toda a jornada.

Como fã de longa data que sou, experimentei o novo capítulo da franquia de coração aberto, já sabendo que RE deixou de seguir um padrão há algum tempo e se transformou em uma franquia híbrida, que mistura diversos gêneros e tenta agradar todo tipo de público.

Um vilarejo repleto de mistérios

Três anos após os eventos de Resident Evil 7: Biohazard, Ethan Winters e sua esposa, Mia, acabam se mudando para uma pacata região da Europa. O game não explica exatamente onde fica, já que a maioria dos locais apresentados na franquia são fictícios. Eles tiveram uma linda filha, chamada Rosemary, que acaba de completar seis meses.

Ethan quer conversar com Mia sobre seus traumas, para poder superá-los e deixar o passado para trás, algo que a jovem rejeita de forma firme e incisiva. Durante um tranquilo jantar em família, a casa deles é atacada por ninguém menos que Chris Redfield, o herói do primeiro jogo da franquia. Chris acaba assassinando Mia, levando Ethan e sua filha sobre custódia.

Entretanto, algo acontece no caminho e o protagonista acorda no meio de uma floresta coberta de neve, com o veículo que os transportava capotado. Logo ele encontra uma pequena vila com aspecto medieval, que fica aos pés de um imponente castelo. Agora, Ethan precisa explorar esse misterioso local em busca de sua pequena Rose e enfrentar inimigos com habilidades macabras.

Exploração na medida certa

Uma das coisas mais prazerosas de se fazer durante a jogatina é explorar. Resident Evil Village possui cenários belíssimos, repletos de detalhes e uma ambientação que realmente te transporta para os tempos da monarquia. Cada canto do game esconde segredos que o jogador precisa conhecer para coletar itens e upgrades, que ajudam nas batalhas futuras com os inimigos.

Jogando no PS4 base, apenas o loading inicial é um pouco longo, assim como outros jogos da franquia disponíveis no console. O único problema de desempenho que notei foram delays de renderização que aconteciam com frequência nas texturas, em especial nos cenários mais abertos. Porém, não é nada que atrapalhe a experiência.

O sistema de backtracking (leva e traz de itens) é intuitivo e convidativo, facilitando a vida daqueles que não possuem muita experiência com jogos do gênero. Passei horas visitando cada cantinho do vilarejo para ter certeza de que não deixei nada para trás e minha curiosidade foi muito bem recompensada.

Village não é um game de mundo aberto, pelo contrário, é bastante linear em diversos aspectos. Por exemplo: apesar do vilarejo estar ali para ser conhecido e explorado, o game te força a seguir uma determinada ordem, para que você acesse as áreas específicas. A mecânica do jogo faz isso concedendo ferramentas para chegar aos novos lugares conforme progredimos na campanha.

Essa escolha de progresso não me incomodou, mas aguçou minha curiosidade de como seria a experiência se o jogador tivesse a liberdade de escolher qual caminho deseja seguir primeiro. Liberdade demais? Talvez…

O arsenal de armas e os tesouros que encontramos ajudam bastante contra inimigos mais difíceis. O game pode parecer fácil no início, mas não se engane. Existem sim combates que exigirão mais estratégia ou um arsenal turbinado. Ainda assim não achei a campanha como um todo desafiadora demais, tudo foi bem equilibrado nesse quesito. O que ajudou bastante no fluxo que a história toma durante a progressão, sempre deixando o jogador com vontade de continuar e saber o próximo acontecimento.

Variedade de inimigos

No quesito jogabilidade Village segue uma mecânica bem similar ao seu antecessor, mas com algumas novidades. Agora Ethan pode se defender e tomar menos dano dos infectados, o que na hora do desespero eu raramente lembrava de fazer. Craft de itens também voltou, possibilitando a criação de munição, explosivos e itens de cura. Algo similar a outros games da franquia como Resident Evil 3: Nemesis.

Saudades do mercador de Resident Evil 4? Desta vez conhecemos o Duque, um carismático personagem que nos oferece upgrades essenciais durante a jornada. Duque também pode cozinhar pratos especiais que aumentam nosso HP e resistência, por exemplo. Para isso, o jogador precisa caçar certos animais espalhados pelo cenário e coletar a carne.

Resident Evil Village

A visão em primeira pessoa também permanece, algo que eu particularmente não gosto muito. Como já tive meu treinamento no RE 7, posso dizer que essa visão acabou me incomodando menos. Ainda assim, é algo que me causa tontura e acabo tendo que dar pausas na minha jogatina por conta disso.

Os inimigos são variados e não deixam o gameplay repetitivo. Em cada cenário que visitamos uma nova ameaça espreita nosso personagem, com movimentação e ataques diferentes. Os licanos (que são os zumbis da vez) são ágeis e podem enganar o jogador para desviarem dos tiros. Há também os zumbis clássicos, com movimentação lenta e desengonçada que não pode faltar em um RE.

Já as batalhas com os chefes possuem seus altos e baixos. Enquanto algumas são criativas e estabelecem uma dinâmica própria para o combate. Outros acabam sendo simples demais ou, acreditem, mirabolantes demais. Existe um caso específico que é tão surreal que eu achei estar em um filme dos Transformers.

Resident Evil Village

A impressão que fica é que os produtores, novamente, tentaram agradar o máximo de jogadores possível, o que acabou afetando em parte o equilíbrio do game. Em contra partida, Village oferece momentos aterrorizantes! Com corredores claustrofóbicos, jumpscares e criaturas bizarras. Essas foram as fases em que o jogo mais me cativou, provavelmente por eu ser um fã de velha guarda.

Jogue com fones de ouvido

Resident Evil nunca decepciona quando o assunto é trilha sonora, e aqui não poderia ser diferente. Além disso, a mixagem de som é impressionante. Experimentei o jogo de duas formas: uma com headphones e outra com um hometheather. Nas duas formas o game me deixou tenso o tempo inteiro. São ruídos, latidos, gemidos e vários outros sons esporádicos que deixam a sensação de ameaça constante!

Os temas épicos também marcam presença, com trilhas que embalam os momentos de ação daquele jeitinho que RE sempre consegue fazer. O destaque fica para a faixa “Descent into the Village”, tocada em um momento importante da campanha e que aviva todo o clima de urgência do momento.

Outra novidade mais que maravilhosa é a dublagem em português do Brasil. O cuidado na escolha das vozes é nítido, com dubladores famosos no elenco que atuam de forma bem competente. É muito especial ver que, cada vez mais, o nosso país entra no mapa das localizações das grandes produtoras. Uma opção que há muito tempo é pedida pelos fãs e que foi atendida com muito cuidado e profissionalismo.

Resident Evil em sua melhor forma

Como fã, é muito satisfatório ver um título tão caprichado em uma de suas franquias favoritas. Resident Evil Village apresenta uma campanha intrigante, que nos deixa curiosos para saber todos os segredos dessa vila macabra. A exploração e os momentos de terror deixam qualquer jogador que goste de survival horror com os olhos brilhando.

Nem todos os personagens tem seu background explicado com profundidade, o que é uma pena. Os arquivos e diários encontrados possuem parágrafos curtos, que deixam muita coisa aberta a teorias. Eu gostaria muito de saber mais sobre Lady Dimitrescu, Donna Beniviento, Heisenberg e outros. Já que Village reúne um grupo de vilões icônicos, que farão muito sucesso nos cosplays futuros.

RE 8 cumpre seu papel com muito mais acertos do que deslizes, o que torna o game competente em sua proposta. É um título com ideias bem executadas, gameplay intuitivo e personagens que com certeza entrarão para o hall da fama dos mais queridos de toda a série. Mesmo com alguns deslizes na falta de profundidade do enredo e batalhas controversas, Resident Evil Village é um dos grandes lançamentos do ano.

O jogo está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series e PC.

Este jogo foi analisado no PS4 Fat, com cópia cedida pela Capcom

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Angelo Prata

Jornalista apaixonado pela arte do século XXI chamada de videogame. Tentando melhorar a internet um post de cada vez, este sagitariano que vos fala tem dificuldades em escolher um jogo favorito. As séries Super Mario, Resident Evil, Donkey Kong e Mass Effect estão no top da minha lista imaginária e sim, sou fã da Nintendo!
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