Ele é um dos super heróis mais queridos independente da mídia. Seja nas HQs, cinema, televisão e também nos games, Spider-Man é sinônimo de um verdadeiro super herói. Mesmo que nos videogames a franquia estivesse em baixa até 2018, quando a Insomniac lançou o excelente Spider-Man, é difícil achar alguém que não tenha uma queda pelo Homem-Aranha.
Dois anos depois, a mesma produtora aposta em uma sequência que arrisca pouco, mas que consegue entregar de forma competente aquilo que se propôs. Miles Morales é a continuação direta do game anterior, que traz a nova versão do aracnídeo para o mainstream, após o sucesso estrondoso da animação Homem-Aranha no Aranha Verso.
Um recomeço e um lugar conhecido
Spider-Man: Miles Morales começa pouco mais de um ano após os acontecimentos do game de 2018. No qual Peter Parker agora é o tutor de Miles nos ensinamentos heroicos, mostrando ao jovem todas as artimanhas para dominar os poderes de aranha. Porém, em uma missão de escolta, o iniciante Miles acaba libertando o vilão Rhino e causando uma confusão em Nova York.
Após a resolução do problema, Miles começa a duvidar de si mesmo e descobre que terá de patrulhar a cidade sozinho por alguns dias. Peter e Mary Jane marcaram uma viagem à Europa e cabe ao novato dar conta do recado. É nesse contexto que embarcamos em uma jornada contra a Roxxon Energy Corporation, uma empresa que planeja instalar na cidade uma fonte de energia toxica conhecida como Newform.
Um dos pontos mais interessantes da história é que a herança étnica do personagem tem um peso muito grande em toda a trama. Miles é negro, de descendência Latina e que mora no Harlem – o bairro com maior população negra da cidade de Nova York. Além de lidar com os crimes do dia a dia, o herói precisa lutar contra o preconceito que o próprio bairro sofre há séculos, justamente por conta da diversidade da população.
Esta é uma ótima sacada, já que estamos em um momento tão importante para militância da causa negra no mundo. Que teve seu ápice após o assassinato brutal de George Floyd, em maio de 2020. Apesar de ser menor, a campanha de Spider-Man: Miles Morales é interessante e competente em prender a atenção do jogador.
Não há nada de espetacular ou criativo, mas há momentos emocionantes e cenas de ação de encher os olhos. Fiquei mais impressionado em dois momentos específicos, ao finalizar as missões secundárias do aplicativo – falaremos dele depois – e durante os momentos finais. O desfecho coloca o protagonista em uma batalha verdadeiramente épica.
O velho jeito novo de balançar pelas teias
A jogabilidade desse novo título é basicamente a mesma do seu antecessor, mas com algumas mudanças. É difícil dizer se elas foram realmente significativas, mesmo que tenham dado aquele “tempero” a mais que deixa esta sequência com uma identidade própria.
Os poderes de Morales são as grandes estrelas, e causas, de tais mudanças. Já que o novo herói tem a capacidade de absorver e soltar Raios Venom, poderosas cargas elétricas que podem derrotar inimigos e até energizar aparelhos eletrônicos diversos. Além disso, Morales consegue ficar invisível, o que ajuda bastante nas missões furtivas e muda a dinâmica de como os inimigos serão derrotados.
O restante é basicamente igual: super força, velocidade, reflexos e resistência sobre-humana. Os poderes inéditos são descobertos conforme avançamos na história, no qual vamos aprendendo mais conforme a evolução do personagem. O novo Spider-Man também tem à disposição diversos apetrechos que nos ajudam durante a aventura. Alguns já são conhecidos, como a clássica teia, e outros inéditos como a bomba de gravidade que puxa todos os inimigos ao redor para o mesmo ponto.
Também podemos equipar nosso traje com maior resistência e aprender novos golpes, conforme subimos de nível. A árvore de habilidades é simples e intuitiva, dividida em três vertentes: habilidades de combate, habilidades venom e habilidades de camuflagem. A escolha de qual melhorar primeiro vai depender do seu estilo de jogar, eu particularmente adorei derrotar diversos inimigos eletrocutados.
Combate e inimigos
A forma de enfrentar os adversários mantém o que já conhecemos do game anterior, com combos variados em sequências simples de botões. Quem jogou o primeiro Spider-Man ou a saga Batman Arkham não terá muitos problemas. A grande novidade nesse quesito está nas armas que os soldados utilizam.
Miles Morales enfrenta os bandidos tradicionais, arruaceiros, sequestradores e afins. Porém, a dinâmica muda quando combatemos a gangue conhecida como Underground, um grupo que utiliza armas tecnológicas que aumentam a velocidade, força e defesa. Outra galera que é uma verdadeira dor de cabeça são o exército particular da Roxxon. Ambas as facções estão em guerra entre si e contra o próprio Spider.
Isso quer dizer que ambas criam armas que se adaptam aos poderes do jovem Miles, forçando o jogador a mudar sua estratégia de combate. Aparecem soldados com espadas que se deslocam e te puxam do ar, bombas que drenam sua vida energia venom e por aí vai. Essa variação acaba dando uma ótima sobrevida para uma formula que já é bastante conhecida.
O protagonista possui um aplicativo no qual recebemos missões secundárias, pedidos de ajuda do pessoal do Harlem que variam de procurar um gato perdido a encontrar cargas roubadas dos comerciantes. Eu altamente recomendo que complete as missões do app, pois a recompensa é lindíssima e satisfatória.
Visualmente deslumbrante
Não há mudanças quanto ao cenário do game em comparação com o primeiro, até porque ambos se passam na mesma cidade, o que fez a Insomniac apenas dar uma polida em Nova York e colocar neve em cima. Ainda assim, é impressionante subir no prédio mais alto e ficar admirando o pôr-do-sol, se pendurar entre os prédios e admirar a fidelidade que o jogo manteve quanto a Nova York Verdadeira.
As cutscenes são outro prato cheio para os olhos, já que a tradição das acrobacias mirabolantes e situações repletas de adrenalina se mantém. Há pouca novidade nesse quesito, o que não tira o mérito do estúdio em entregar um trabalho que fica ainda mais belo em uma televisão com função HDR – que melhora a qualidade visual de forma significativa.
A trilha sonora também tem seu charme especial, misturando o tom épico dos temas orquestrados com o hip-hop tradicional americano. As faixas convergem de forma harmoniosa e consolidam ainda mais a identidade própria que Miles Morales possui, mesmo com muitas semelhanças com o título anterior. Vale destacar a música tema I’m Ready, cantada por Jaden (não mais Smith).
Outra melhoria que vale a pena citar foi da dublagem em português, no primeiro Spider-Man nem todas as vozes foram traduzidas e podíamos ouvir NPCs falando em português e inglês na cidade. Desta vez isso não ocorre, mas ouve um deslize feio logo no início do game durante a cutscene do jantar em família. Entretanto, nada que uma pequena atualização não possa resolver.
Um ponto que não tem salvação é a voz escolhida para J. J. Jackson, o famoso jornalista egocêntrico possui uma arrogância e imponência únicas. Infelizmente, a voz escolhida para a versão em português não faz jus ao personagem. Além de parecer relativamente jovem, o ator escalado não convence e me fez perder o interesse em ouvi-lo quando entrava em cena.
Spider-Man é ótima largada da Sony para a nova geração
A escolha do super herói queridinho dos gamers caiu como uma luva para a Sony iniciar a nova geração. Apesar de curto, Spider-Man: Miles Morales é um título divertido, com uma história interessante e que traz mudanças significativas para a série. É difícil dizer se é o suficiente, mas é certo afirmar que se fosse uma receita de bolo, esta sequência seria o tradicional bolo de vó que todo mundo já conhece e adora.
Para mim, o único fator contra é o preço elevado de um jogo que possui menos conteúdo que seu antecessor. Sendo até cogitado como uma expansão do game original em vez de um título independente. Se você já comprou um PlayStation 5, é uma ótima porta de entrada para a nova geração, mas se ainda possui um PS4, talvez seja melhor esperar a boa e velha promoção para curtir o game.
Este jogo foi analisado no PS4 Fat, com cópia cedida pela Sony
Angelo Prata
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