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REVIEW: Crash Bandicoot 4: It’s About Time não é para os fracos

Sabe aqueles jogos que fazem você se questionar internamente o porquê de estar jogando? Este é o caso de Crash Bandicoot 4: It’s About Time. O típico jogo que deixa você exausto, com vontade de arremessar o controle na tv se perguntando: o quanto eu quero quebrar aquele caixote?

Criado na década de 1990 pela Naughty Dog, a franquia Crash Bandicoot está de volta. Desta vez produzido pela Toys for Bob, mesma desenvolvedora do saudoso Pandemonium, 1 e 2, e também responsável pela N Sane Trilogy — versão remasterizada dos três jogos originais da franquia Crash. Its About Time acerta em trazer todos os elementos da franquia original elevados a um nível exponencial.

Crash Bandicoot 4
Lançado em 1996 Pandemonium foi um sucesso dentre os jogos de plataforma / Crash trilogy lançado em 2017.

A história

O novo jogo se passa logo após os eventos em Crash Bandicoot: Warped, lançado em 1998, e nosso querido protagonista volta à ação passando por diversos mapas e viajando entre portais tridimensionais. Toda a trama em Crash 4 gira em torno dos vilões de jogos anteriores, que foram aprisionados em outra dimensão e conseguem voltar a sua realidade no presente para se vingar de Crash e sua turma.

O jogo conta com algumas reviravoltas e dá mais ênfase à origem de Crash, o que foi algo novo para mim, visto que quando joguei os primeiros jogos não estava muito interessado em conhecer a história. Em Crash 4 fica muito claro que ele é o fruto de um experimento do Dr Nitro Cortex e que, apesar de ser o vilão, ele também sente muito orgulho (e amor?) da sua criatura. Isso mostra que apesar de cartunesco e bobo, Crash consegue desenvolver personagens e criar narrativas interessantes.

Em Crash 4 todos os vilões se unem para escapar da prisão e se vingar de Crash e sua turma.

Evolução

A nova aventura apresenta cenários e gráficos com mlehor desenvolvimento. Incluindo bastante cuidado e atenção às origens, seja da mecânica do jogo à trilha sonora original, faz a gente perceber que a desenvolvedora soube exatamente o que estava fazendo. A interface do game continua a mesma, bem como a física, câmera e mecânica. Crash ainda usa seu famoso giro, salto duplo, rasteira e tombo, fazendo com que os jogadores não percam muito tempo tentando entender sua jogabilidade.

Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência!
(Crash Bandicoot 1 • 1996 / Crash 4 • 2020)

Diferentemente dos outros jogos, em Crash Bandicoot 4: It’s about time você pode escolher jogar com Crash ou Coco em qualquer fase. Isso faz com que o jogador tenha a experiência que mais desejar, colocando um personagem feminino como protagonista. Mesmo que a franquia ainda carregue o nome do Crash.

Novos velhos personagens

Além da Coco o jogo apresenta três outros personagens adicionais jogáveis: Dingodile, Doutor Cortex e Twana, cada um deles possui fases extras espalhados pelo mapa e só é permitido utilizá-los nesses momentos. Com eles acabamos alternando o ritmo do jogo e deixando o gameplay mais dinâmico.

Cada um apresenta uma jogabilidade diferente. Dr Nitro Cortex, por exemplo, não consegue saltar muito alto, mas tem sua pistola laser. Já o Dingodile possui uma bazuca de sucção que permite sugar e arremeçar caixotes.

De todos os personagens Tawna foi a que mais me surpreendeu e tive mais prazer em jogar. Em Crash 4 ela é atlética, capaz de dar super saltos e golpes, além de possuir um gancho e se mover rapidamente explorando a verticalidade do jogo.

Porém, sua maior mudança foi quanto a personalidade e abordagem. A Tawna sempre foi retratada como “par româtico” do Crash, uma personagem super sexualizada, cheia de curvas, maquiagem — além de super indefesa — e sempre precisando ser salva das garras do Dr Nitro. Em Crash 4 ela está de volta, dessa vez como a salvadora de Crash e Coco em diversos momentos. Definitivamente uma abordagem fresh que esperamos ver em um jogo atual.

Uma nova abordagem para a Tawna

Um aspecto bacana em Crash 4 é que, como existem diversos personagens jogando simultaneamente no mesmo cenário, todas as histórias e acontecimentos se encaixam. Igual a qualquer enredo digno de viagem no tempo.

Jogabilidade desafiadora

Quando lançado em 1996, o primeiro Crash revolucionou os jogos plataforma pelo seu estilo de câmera que muda de perspectiva em diversos momentos, variando o ritmo do jogo e o tornando mais desafiador (e em alguns momentos irritante).

Essa câmera solta e de perspectiva te leva ao erro constantemente, mas não se engane, isso é intencional. E isso pode não agradar a todos os jogadores, principalmente os que tem pressa em finalizar o jogo. No meu caso, em determinado momento, morri nada mais nada menos que 20 vezes e estava apenas tentando concluir a fase. Nessas horas é melhor dar uma pausa, fazer uma meditação e ir com calma. 

A mecânica do jogo continua a mesma de sempre e a maioria dos desafios envolvem timing e precisão, coube a Toys for Bob amplificar e elevar a um outro nível. Para isso, além do jogo de câmera, foram incluindos diferentes veículos como motocicletas e jetskis, e os novos personagens que foram introduzidos. Um outro grande diferencial em Crash 4 são as Máscaras Quânticas, que aparecem em determinados momentos e dão ao jogador diferentes habilidades.

As Máscaras Quânticas são possíveis de usar apenas em momentos específicos do jogo, seus poderes variam e ajudam a quebrar o ritmo do durante as fases, seja permitindo que o jogador deixe o tempo mais lento ou até mesmo inverta a gravidade.

Crash sempre foi uma franquia que incentiva o jogador a jogar diversas vezes e atingir metas, em Crash 4 não é diferente. Cada fase possui suas metas como quantidade de mortes, quantidade de caixas quebradas, gemas coletadas, etc.

O jogo ainda oferece um estímulo extra para que passemos horas tentando concluir os objetivos que são as diversas skins desbloqueáveis oferecidas ao longo do game, uma mais fofa que a outra, dentre elas inclusive uma skin do Crash versão 1996, com poucos polígonos, perfeita para os mais nostálgicos. 

Este novo título apresenta atenção e respeito para com os antigos fãs da franquia, algo que toda desenvolvedora devia levar em consideração. Um exemplo disso é o modo de jogo clássico, que segue a dinâmica dos games originais nos quais você possui uma determinada quantidade de vidas, e caso se esgotem, você é obrigado a começar a fase do início, agradando assim aqueles jogadores mais hard-core.

Outro detalhe que parece ser um trending dentre os jogos atuais, é a possibilidade de aplicar filtros, sendo alguns deles bem divertidos e permitindo que o jogador experimente fases de uma nova perspectiva como o modo invertido, mostrano que a Toys of Bob realmente não poupou criatividade ao repensar o novo capítulo da franquia.

Crash Bandicoot 4
Crash Bandicoot com filtro em modo invertido.

Vale a pena ressaltar também o trabalho de dublagem para português. Crash 4 conta com a nossa querida Luiza Caspary, a mesma que dublou a Ellie em The Last of Us, dessa vez fazendo a voz da fofa personagem Coco. Porém, apesar de termos Crash e Coco como protagonistas, os enfoques em diálogos são delegados aos vilões e as máscaras falantes, cada um com personalidades distintas.

Nostalgia que vale a pena

Sabe quando a gente lembra de um jogo ou desenho que adorávamos na infância e quando resolvemos rever parece não ser a mesma coisa? Crash definitivamente não cai nessa, é incrível como um game lançado há tanto tempo consegue ainda ser tão atual.

O nome do quarto capítulo não poderia ser mais apropriado, já era hora de termos nosso querido bandicoot pulando e rodopiando em uma aventura inédita. Me diverti? Me enraivei? Abri mão de algumas caixas em troca de sanidade mental? Sim. Mas faria tudo novamente e mal posso aguardar para os próximos jogos da franquia.

Este jogo foi análisado no PS4 Slim, com cópia cedida pela Activision

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Designer, gaymer, escorpiano, viciado em café e jogos de luta e aventura. Brasileiro atualmente residindo nos EUA. Entre meus jogos favoritos estão: Bayonetta, Tomb Raider, Tekken, Zelda e The Last of Us.
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